segunda-feira, 6 de julho de 2009

Um homem simples


Era um homem simples, capaz de tangir o intangível, penetrar o impenetrável. Diante de toda adversidade, acendia seu cigarro e tragava calmamente, deixando que a natureza resolvesse.

Sua rotina era, como ele mesmo dizia, insignificantemente monótona. Nem mesmo seusamigos mais próximos podiam dizer ao certo o que ele fazia da vida.

Vivia a maior parte do tempo entre seus livros e discos. Falava pouco, mas o necessário, e com quem ele acreditava que merecia atenção - nunca desperdiçava ao menos uma vírgula diluída em sua respiração a toa-.

Fora da solidão de seu apartamento, estava sempre acompanhado, porém eram tais pessoas que o acompanhavam, ele não seguia ninguém. Era visto com um olhar profético, um homem misterioso, não sabe-se ao certo se era distante ou as pessoas que se tornavam distantes por uma forte veneração e respeito.

Num dia chuvoso -como odiava-, tentaram contacta-lo, porém em vão. Estava morto. Sob livros e discos, sepultado..

Não se sabe o que ocorrera, e tão pouco se quis saber.
Em seu enterro poucos rostos, ninguém conhecido. Todos se importaram, ninguém realmente. Passou a ser lembrado como parte de uma teogonia, já que sempre fora mais alma do que corpo.
Crê-se que vive sozinho, quem sabe no paraíso... sempre observando e desprezando sejam os anjos ou demônios que passaram a segui-lo.